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Arquitetos: Tadu Arquitetura
- Área: 95 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Fran Parente
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Fabricantes: Arq Design, Coisas Dcasa, Coverings, Firenzi, Madame Opalina, Vega Vidros
Descrição enviada pela equipe de projeto. Nos últimos anos, uma antiga vila operária, no bairro do Horto, vem se transformando em reduto de ateliers, restaurantes, lojas e moradias remodeladas. Localizada em um bairro apontado com um dos mais charmosos e tranquilos da cidade do Rio de Janeiro, a antiga “Chácara do Algodão” passa por um processo de super valorização imobiliária e vive uma dicotomia entre exaltação do passado e o surgimento de novos públicos e negócios. Os casarões preservados do século XIX foram construídos em pedras e tijolos maciços fixados com óleo de baleia. Paredes largas, telhas coloniais, esquadrias generosas e assoalho de madeira nos ajudam a compreender a história arquitetônica das edificações. O “Eleninha” ocupa o térreo de uma das esquinas icônicas do complexo das antigas casas operárias. Investigar, preservar e ressignificar sintetizam o ponto de partida do projeto. O desafio projetual se desenhou a partir da demanda de criação de um restaurante / bar que pudesse funcionar, dia e noite, com diferentes tipos de serviços - Almoço, happy hour e bar musical no final da noite.
A intervenção busca estabelecer um diálogo entre o antigo e o novo, que se distinguem principalmente pela materialidade. A área interna do andar térreo abriga salão, apoio de garçons, bar e cozinha. Banheiros e depósitos estão dispostos no mezanino. Mesas, cadeiras, sofás, bancos e banquetas, desenhados exclusivamente para este projeto, se distribuem entre salão, balcão e calçada. A ocupação da área externa foi pensada para estimular a socialização característica das movimentadas calçadas dos bares cariocas. As paredes estruturais descascadas revelam o método construtivo em pedra e direcionam o padrão estético, acompanhadas pelo piso em madeira de demolição, assim como o revestimento do balcão, o tampo das mesas e as esquadrias em madeira e vidro ritmadas ao longo das 2 fachadas. As portas foram seccionadas para permitir a abertura superior próximo ao sofá. Desta forma, é possível garantir a máxima interação entre interior e exterior e desfrutar da vista para o Jardim Botânico. Há um elemento arquitetônico importante como pano de fundo para cada uma das entradas do restaurante. De um lado, é possível perceber o bar e, do outro, a estante com garrafas, discos e acessórios de salão. Inspirado nos arcos das portas do casarão, o espelho do bar cria um jogo de luzes e imagens que emolduram as garrafas e despertam o olhar do espectador.
Outras decisões de projeto, como o metal que estrutura as prateleiras, o inox do mobiliário e equipamentos, o forro acústico e as tubulações aparentes, agregam complexidade à proposta atuando de maneira complementar. Rústico e industrial se misturam para referenciar a história e abrigar a memória de um passado fabril. Os objetos distribuídos pelas estantes foram garimpados em sebos, antiquários e brechós tradicionais do centro do Rio de Janeiro. Licoreiras, garrafas de vidro e livros temáticos antigos procuram dialogar com a arquitetura e o uso da ocupação. Cerca de 500 discos de vinil estão à disposição para serem utilizados e manuseados. Os discos foram cuidadosamente selecionados com a premissa de valorizar voz e música de importantes artistas brasileiras. Luminárias com luzes baixas em tom quente, oferecem o conforto de um ambiente intimista. Da mesma forma, refletores, holofotes e fitas de led são utilizados de maneira estratégica, seja para realçar as paredes e os arcos das portas e janelas, iluminar as prateleiras de bebida e as superfícies de trabalho ou causar efeito de destaque para possíveis apresentações musicais.